domingo, março 08, 2009

Culpa

Havia tempos que eu caminhava perdida em meu olhar. Suspirava; sentia-me perdida, buscando uma alegria que não estava lá.
- Sabes que só encontrará alegria ao meu lado. – Murmurava orgulhoso, fechando as cortinas do mundo.
Eu sabia que ele estava certo, sabia que ele não mentia para mim e podia ver seu olhar inquiridor, cada vez que eu tentava me afastar.
- Vamos, continue. Sabes que ele está bem com outra pessoa, que não és a preterida e que não mais irás reinar ao lado dele. – Ria sarcástico, apoiando as mãos em meus ombros, enquanto esmagava meu coração com suas palavras.
Mostrava-me a felicidade dele ao lado da outra, outra esta que eu mesma indicara.
- Tolinha, achavas mesmo que conseguirias mantê-lo preso a ti, estando tão longe dele? – Ele estava certo. Quem era eu para continuar batalhando, achando que o teria de volta, quando a realidade se mostrava nua e crua frente aos meus olhos.
- Ela é melhor que você, é alguém à altura dele e tu não passaste de um brinquedo. Fraco, defeituoso e descartável. – Cruel em suas palavras, ele me reduzia a sombra e névoa.
- Não terás prazer com nenhum outro, pois em tua tolice, deste o coração à pessoa errada. – Devo ter dado; o que fui realmente para ele? Realmente isso era um fato. Talvez se eu tivesse me esforçado um pouquinho mais...
- Teria dado de cara com a parede. É tua culpa ele ter sido fraco. Tua culpa ele ter buscado alguém mais perto. Tua e somente tua culpa ele ter te trocado.
Não! Isso não podia ser verdade.
- Mas sabes que é verdade, sempre foi culpa tua não ter ficado tanto tempo com outros homens, sempre tê-los perdidos para outras mulheres mais interessantes que ti.
- Cale-se – Murmurei de modo débil, sentindo meu coração estremecer.
Busquei provar que ele estava errado, mas a cada tentativa, ele se tornava mais forte e meu coração era dilacerado.
- Viu? Por que ainda luta? Me aceite e assim não sentirás mais esta tortura.
Minha cabeça abaixava e eu aceitava aquela culpa como minha verdade. Deixava-me ser possuída por culpa e outros sentimentos mais, até quem um gesto delicado tocara minhas mãos.
- Quem é ele? – Algo alertava, arqueava as costas de quem preparava os grilhões.
Eu nada respondi, apenas escutava as palavras daquele que estava ali, sorrindo, de mãos dadas.
- Ele também se afastará e a culpa será tua.
E pela primeira vez eu sorri sem carregar aquele peso ao meu peito, ou sentir a garganta apertada.
- Não tenho porque me sentir culpada, porque o que há de ser será, assim como todas as trilhas que percorri, pois eu controlo meu Destino.
- Eu voltarei! Quando menos esperardes. – Ele gritou, sendo tragado pelo Abismo.
Se me sinto culpada pelas lágrimas que derramei e por todos os sentimentos ruins que me dominaram? Isso eu deixarei para vocês.