segunda-feira, setembro 18, 2006

Uma Noite Amaldiçoada

§Hope§ By §Sadness§: *Aquelas verdades eram fortes demais... Aquelas verdades feriam como punhais cravados em seu coração. Quão sombrias eram aquelas almas. Quão desprovidas de esperança elas pareciam ser. A dor daquele momento assolava seu coração. As lágrimas que eram derramadas na chuva, na tentativa de se manterem escondidas, não mais poderiam ser escondidas diante da expressão que começava a tomar sua face. Não... Ela não poderia ficar ali, não estava pronta para eles. Não quando Fear pareceu trazer uma tristeza maior ainda ao coração de Sadness, coração ao qual ela já tinha acalentado. Hope rebusca o ar, virando seu pequeno corpo... Corria... Corria com medo de que não fosse ser forte... Que aqueles sentimentos que eles possuíam fossem fortes o suficiente para fazer-la não acreditar mais em esperança... Não... Ela não poderia ficar ali... Não quando não tinha mais forças para ajudá-los... Fugia... Corria... Escondendo suas lágrimas para chorar sozinha na tempestuosa noite que caía sobre suas cabeças...*

§Fear§: *Havia questionado e sabe-se lá de onde tinha vindo a coragem que assolou seu peito para tanto. Apenas a sensação de que o mundo poderia não ser um local tão assustador estando ao lado daquela garota de cabelos castanhos tentava lhe trazer e do outro lado uma dor que talvez aumentasse ainda mais o seu medo. Limiar... Limiares são imprescindíveis ao ser humano, principalmente quando são especiais como o jovem de cabelos imaculadamente brancos que estava entre elas. Sentia-se no limiar, o limiar que pode empurrar você para o despenhadeiro ou te puxar para redenção. Isso deixava Fear ainda mais confuso. Ele perguntava e por que ela não respondia? Por que ao invés disto vinham mais perguntas da mulher de cabelos cinza? Vinham mais dúvidas, mais afirmações de tristeza e dor. Os olhos de um tom de castanho avermelhados focavam-se em Hope. E ela parecia não resistir ao seu próprio limiar. Quando não havia forças na corda para puxá-la para a redenção, ela fugia... Corria saindo dali, abandonando Fear, abandonando o coreto que agora sem a presença dela tornava-se ainda mais aterrorizante, e os olhos do garoto viam as sombras adquirirem proporções ainda maiores ao que imaginava como se pudessem engoli-lo "o medo, Fear, o medo nos engole" Por que a voz daquele homem do sanatório insistia em vagar em sua cabeça? A respiração... Assustou-se com o correr desgovernado da mulher que fugia e caminhou três passos paras frente, girando o corpo na direção da mulher de cabelos cinza* Por quê? Por que não pode ser diferente? Por que meu mundo se parece com o seu? *estava confuso, se sensações pudessem estar solidificadas ali, talvez Fear conseguisse tocar o que ela sentia com a palma gélida das mãos... Com a ponta dos temerosos dedos que iam à direção de Sadness para tocar de leve o rosto no desenhar sutil dos traços. E a consciência lhe vinha de uma forma gritante e maceradora. Estava só. Longe de casa, sem dinheiro, e só. * Eu... Preciso ir...

§Miss You§: *Ao longe... Enquanto a chuva caia, debaixo de uma grande e velha árvore estava ela... Ali parada, sentada e sozinha... Ela gostava de olhar a chuva cair mesmo quando era uma forte tempestade... Ela mal sentia a água e o frio... Parecia estar até acostumada com aquilo, vestia um vestido longo azul e simples com bordados de pequenos pássaros, este que estava grudado em seu frágil corpo, seus cabelos eram ondulados e negros com pontas em tom de roxo assim como as mechas frontais do cabelo que lhe caiam mescladas a franja sobre os olhos tom de mel, que meneavam algum brilho, ela tinha os lábios muito rubros e a pele clara numa mescla de tons rosa e branco.... Ela sorria... Mesmo com alguma lágrima no olhar ela sorria... Erguendo as mãos para as gotas que caiam dos galhos daquela árvore... Seus lábios murmuram em meio a um sorriso* como naqueles dias... A chuva também caiu forte naquele dia... Será que eles lembram? Será que só eu me lembro?... Foi sonho ou fantasia minha?... Quantos sentimentos mais perdidos eu ainda tenho, sendo que só me restou você que chora e sorri dentro de mim... *A jovem sorriu lambendo um dos dedos* O gosto da chuva é doce... Como eram doces as palavras de carinho em tardes de verão...

§Sadness§: *Fear podia ver aqueles olhos... Aquele olhar que naquela noite escura e tempestuosa pareciam cinza quando os raios iluminavam o local, mas pareciam tão sombrios diante da ultima afirmação feita por ela... Sadness mais uma vez abaixava o olhar... Escutava aquelas perguntas que iam e vinham em momentos tão dolorosos como aqueles* A diferença está na nossa força de vontade.. *murmurava de forma baixa* uma força que some quando nosso lado mais sombrio nos consome... Quando medos como os que você possui assolam os corações de tantos outros... Jogando-os na escuridão onde lágrimas e mais lágrimas são derramadas... *Seus olhos baixos não podiam ver a mão que se aproximava... Que pretendia tocar o seu rosto, mas que, no entanto o rapaz ficou temeroso... * “eu preciso ir" *Vinha a voz do rapaz amedrontado... No fim... Todos precisavam ir... Todos saiam dali e ela sempre ficava sozinha... Perdida no escuro... A derramar suas lágrimas* Parta... Parta como a menina que não suportara a verdade... *vinha a voz carregada de tristeza que derrubava sua dona... Que a fazia encontrar os joelhos ao solo encharcado... A cabeça se mantinha baixa... E a dor que a assolava diante da tristeza que a consumia estava assolando se coração... Não havia mais esperança... Nem mesmo um resquício restara... E ela chorava... Chorava deixando o corpo pender para frente... Deixava o corpo dobrar enquanto se abraçava gritava em meio ao choro desesperado* VÁ... VÁ EMBORA... DEIXE-ME EM PAZ...

§Curiosity§: *Caminhando na chuva como se não fosse nada, e observando tudo com admiração e interesse*

§Fear§: *Ele estava perto de quase tocá-la, sim Fear faria isso se o temor de tocar alguém e novamente machucar com seu aproximar, com seu acolher não fosse maior do que a tentativa de passar uma segurança que ele sabia que ela precisava. Os olhos castanhos avermelhados mantinham-se presos a ela quando tombou no chão. Pensou em abraçá-la e talvez acalentá-la, como tantas vezes nas frias noites do sanatório ele o quis, mas não fez... Não tocou... Não buscou amenizar a distância ampliada pela ausência dos toques. E ela tombava ao chão falando de seus medos, Fear sabia disto não necessitava que lhe fosse atirado à face com a violência dos grossos pingos de chuva que grudavam seu cabelo tão branco ao rosto... Não estava fugindo... Precisava encontrar um lugar para ficar. Aquele parque era perto do sanatório e não tardariam a dar por falta dele, não tardariam a procurá-lo e novamente viriam os comprimidos, as injeções, a maca, o choque e não... Fear não queria isto* Eu não... *não teve tempo de expressar o que pensava ou sentia, não naquele momento a mulher abria a boca e Fear podia ver com sua concepção deturpada causada por seu problema mental as presas que saltavam da boca daquela mulher. O rosto que parecia tomar traços grotescamente assustadores... Os olhos que pareciam adquirir uma forma demoníaca e o rosto do garoto amedrontavam-se por inteiro. Os olhos arregalavam-se num total desespero* FIQUE LONGE DE MIM!!!! FIQUE LONGE DE MIM!!!!! *gritava em desespero, ao ver aquele monstro em que ela havia se tornado, ela ou qualquer pessoa que alguma vez se aproximou de Fear depois da doença. Era difícil para ele ter a co9nfiança de estar perto daqueles seres estranhos que habitavam o seu mundo, afastava-se a passos trôpegos para trás, em gritos assustadores que ecoariam por todo o parque, queria ir embora, queria fugir. Queria morrer, ou atacar.*

§Anger§: *Seus dedos deslizavam sobre a gaveta daquele armário, como uma fuga desesperada de seus membros. O suor escorria-lhe do rosto e seus olhos concentrados lhe faziam desejar que tudo tivesse um breve fim. Os movimentos quase estáticos e as sobrancelhas levemente inclinadas demonstravam certa angústia, algo preso a garganta. Os dedos perspicazes encontravam, enfim, um metal gélido e de forma não tão incomum... De súbito o revólver era engolido pelas mãos trêmulas de Anger... Ela atirou contra si mesma... Um reflexo espatifado no chão, o que ela mesma não conseguia decifrar. Aquela imagem poderia ou não condenar-lhe... Deixou que a arma caísse de suas mãos em torpor e as lágrimas já não puderam ser contidas... Observou o membro esquerdo, erguendo-o devagar, enquanto semi-cerrava os olhos que teimavam em distribuir lágrimas pelo rosto. Um grito alto desferiu de seus lábios e finalmente caiu por terra de joelhos, prostrada sobre seu reflexo destruído... Alguns instantes fitando suas bochechas e olhos corados em vermelho, não titubeou, não hesitou em suas ações, apesar de não responderem por ela: segurou um dos cacos de vidro e o comprimiu com tal força que seus dedos sangravam, sua pele cortava e sangrava... Mesmo não suportando as dores que aquele ato investia continuou fazendo sem temer a nada. Os gritos sofridos e os ruídos raivosos que fazia com a voz eram agonizantes...*

§Vengeance§: *Aquela chuva era bem vinda. Pesava aos poucos sobre as vestes do jovem, silencioso e ímpar, distante entre as gotas frias do temporal. Ela lavava a alma arredia,simplificava tudo em sons e sensações e acima de tudo,brincava com o silêncio.Dali, ele mal se movia... Somente seu peito, que enchia e sorvia o ar frio e úmido, tão bem recebido pelos lábios entreabertos... Aos poucos, um sorriso se abria. Parecia pesado e desenhando forçadamente, ganhando espaço na face com cautela... Mas, ele se permitia sorrir, embora seus olhos, não se prendessem a nada que não fossem seus próprios pés descalços e se ocultassem, por entre os fios escuros de seus cabelos molhados.* ...Noite... Sssim... Noite... *Como um sibilo sensual era sua voz, rouca e baixa, como um vento quente do deserto, que para seus ouvidos e só eles, se soltavam naquele momento... Levou a mão a tocar o pequeno poste de metal à direita do corpo e nele se amparou, deixando os ombros sentirem o frio do ferro escuro... O rosto, pouco a pouco era banhando pela luz, revelando as feições belas do jovem oriental, molhando-as, revelando-as para a rua deserta.* Noite... Que sejas tu então, minha aliada.

§Sadness§: *Fear gritava para que ela saísse de perto dele... Gritava em completo pavor e se afastava dela... Sadness deitava-se no chão... Encolhida diante de tudo aquilo... A dor da tristeza era grande demais para ela* AAAAAAAAAAAAAAAAAAa *gritava em meio aquela tristeza enquanto o rapaz fugia e os choro vinha em rebuscares de ar intensos, naquele lamuriar sofrido... Ela se ergue... Suja de barro... Onde os cabelos cinza colavam ao seu rosto e com passos lentos ela se afastava dali... Andava sem rumo... Sem esperança de encontrar alguém que viesse abrandar aquela dor...* Por que é tão difícil? Por que fazes isso comigo? *se abraçava, enquanto andava de cabeça baixa... Como gostaria de arrancar aquela dor que a assolava em meio as lágrimas que não cessavam* POR QUÊ? POR QUE É TÃO CRUEL COMIGO? *gritava mais uma vez em meio ao pranto sozinha naquela noite...*

§Anger§: *Mais uma vez a arma que antes estava em seu poder fervia aos seus olhos, como borbulhas. Esticou a mão sã e o trouxe para si...* Idiota... *sorria-lhe como quem sorri com ódio. Sua voz mal saía de sua boca e o ar que respirava doía-lhe nos pulmões. O sangue espalhado pelo chão tornou-lhe ainda mais desejável... Vagarosamente ergueu-se do túmulo e caminhou como um manco até o banheiro. A arma pendurada balançava como um pêndulo em seu dedo indicador, mas não largava... Sua mão, em abundante sangramento, deixava rastros pela sala e chegando ao banheiro parou frente a farmácia e, novamente, ela estava lá... Aquela garota lhe encarava e sua expressão era de dar calafrios... Posicionou com dificuldade o dedo indicador da mão ferida e escreveu com seu próprio sangue no espelho:* Raiva... Apenas o que sinto... *espalmou sobre aquele mesmo vidro e o sujou com seu sangue. Abriu a farmácia e achou gases, as usou para cobrir a mão ferida... No fim embainhou em seu cinto o seu companheiro inseparável e seguiu porta fora, despreocupada com chuva ou qualquer coisa que lhe caísse sobre os ombros*

§Vengeance§: *Arriscava um único passo adiante, sentindo a falta do chão abaixo dos pés... Era a rua longa e escura, cheia da água que ainda caía insistente e fria, que deixava sua existência bem clara ao tocar nos dedos nus do jovem. Poucos passos, o rosto que se mantinha voltado à frente, guiando o andar meticuloso e calmo, como se aqueles fossem os primeiros passos que dava em sua vida, que não fora curta. Com um solavanco, os pés pararam poucos centímetros antes de se depararem com a calçada alta que indicava o fim da travessia silenciosa... Um breve relâmpago iluminava a cidade atrás de si, mas seu semblante não se modificava. Um pé após o outro, tomava a calçada nova, do lado novo da rua , estendendo a mão no vazio em busca de apoio.*

§Miss You§: *A chuva continuou a cair cada vez mais e mais forte... A noite se postaria longa e Miss You começava a sentir frio* ...Eu queria ter alguém agora... Aqui comigo *fechando os olhos e sorrindo* ...Alguém para abraçar... *sorriso doce e frágil* Eu me lembro que você gostava quando eu te abraçava... *envolvendo-se nos próprios braços* Eu me lembro que você sorria quando eu te deitava no meu colo e ficava afagando seus cabelos embaixo dessa mesma árvore... *ela olha para os galhos da árvore sentindo algumas gotas caírem em seu rosto* ...Mas hoje... O que restou de você se é só lembrança... Se é só saudade... Como todos os outros você seguiu sua vida... E eu já não sou mais necessária nem amiga... Será que existem pessoas nesse mundo tão vasto que gostariam de deitar no meu colo e sentir a brisa de uma tarde de verão como você sentiu?... *ela deixou a franja lhe cobrir o rosto ficando por um tempo em silêncio como se a esperar por alguma resposta... Seu sorriso estava belo mesmo com as lágrimas que caiam mescladas a chuva, naquele delírio, lembrança ou sonho ela se deu conta do mundo a sua volta ouviu gritos. Viu o rapaz gritando e fugindo de sabe Deus o que... E viu ao longe uma figura humana caminhando e logo gritando em seguida... Miss You ergueu-se um tanto quanto assustada olhando para as pessoas que seguiam em direções diferentes...* O que... O que... Eu devo Fazer?... O que eu posso fazer...? * Ela tinha medo agora... Pois não sabia se seria bem vinda... Esse era um dos grandes temores de Miss You... Sentir que nunca seria bem vinda por ninguém...*

§Sadness§: *Sadness fechava os olhos fortemente e então começava a correr. Corria o mais rápido que podia... De cabeça baixa deixando as lágrimas mesclarem-se à chuva... Quantos outros ela perdeu? Quantos mais ela perderia... Sim... Triste era sua vida... Em que, por mais que ela tentasse mudar, as noites eram sempre as mesmas... Lágrimas que eram derramadas... Derramadas em sua tristeza... Tristeza que vinha com dor... Com saudade... Com incompreensão... Com tudo misturado... Mas o mais forte era a tristeza que a assolava... Talvez solidão... Talvez nada... Saía do parque correndo... Ganhando as calçadas sem olhar para frente... Sem olhar ao redor... Sem olhar nada, pois seus cabelos cinza não permitiam ver... Sua tristeza não permitia ver... Ela não via... Não via que no mundo outros existiam, empurrava aqueles que no seu caminho entrassem buscando um apoio que fosse... Alguém que a parasse.*

§Fear§: *E por que tudo tinha que ser tão escuro e frio? Fear havia conseguido fugir daquela mulher com feições demoníacas. Ao menos em sua mente fantasiosa ela parecia daquela forma. Sabia que não era real, seu ser compreendia isto, mas sua mente perturbada não lhe deixava enxergar as coisas com esta consistência. Correu. Correu pela chuva com a roupa verde a se grudar em seu corpo esguio. Era magro e o tecido folgado parecia se grudar como se pudesse ser uma segunda pele para Fear. Os olhos recebiam os grossos pingos de chuva e as mãos pálidas tomavam os ouvidos. Ainda podia escutar os gritos daquela mulher. Gritos que se misturavam com os urros que seus ouvidos teimavam em fazer com que escutasse. Corria como se pudesse salvar a própria vida ao sair daquele parque, ao esbarrar em pessoas e o mundo agora lhe parecia ainda mais aterrorizante... Ruídos... Carros... Faróis... Gente que se esbarrava nele em busca de abrigo... Corria para a pista sem sequer olhar para o lado, ou mesmo escutar o ruído de buzina que se fazia próximo... Próximo demais de Fear*

§Miss You§: *Ela ficara confusa, mas como sempre agia, deixou que seu coração a guiasse* ...Vou pela direita... *De olhos fechados então ela correu os pés na sapatilha azul claro ganharam o chão, as ruas, as calçadas* Para onde ele foi? *Ela correu tentando vê-lo no meio da chuva e das pessoas com seus guarda-chuvas tentando se esconder da água fria e forte que caia dos céus, mas Miss You quando olhou o jovem lembrou-se de uma pessoa... E seu amor, sua fé, tristeza, saudade, tudo se misturou seus olhos encheram-se de lágrimas quando viu a cena que poderia acontecer... Foi como uma visão há muito tempo já sonhado por ela, um pesadelo que ela temia dias e dias noite após noite... Ela não viu o moço em si, mas viu o rosto e o corpo de um amigo há muito já perdido pelas areia do tempo, mas que nunca deixara de ser amado... Com força e alguma coragem Miss You o agarrou, segurando-o e caindo ambos no chão, ela o segurou tão forte e com tanto carinho quanto podia. O carro passou e ela ainda podia ouvir os insultos do motorista gritando... Algumas pessoas olharam curiosas, mas nada fizeram e Miss You apenas disse afagando os cabelos daquele desconhecido.* Está tudo bem agora... Eu não vou deixar que você se machuque...

§Fear§: *Tempo... Tempo, tic... Tac... Tic... Tac... O que era mesmo o tempo quando se está a beira do precipício? Quando seu medo lhe empurra para cada vez mais longe de tudo e todos? Segundos, como um passe de uma mágica refeita, de um ballet trôpego o jovem de cabelos brancos virava o rosto na rua, Chuva, faróis, buzinas... Ruídos e trechos de sua vida lhe passavam nas vistas. Um tempo em que não tinha medo de nada e queria voar. Um tempo em que braços fortes o erguiam no ar e o faziam girar e era tudo tão claro e calmo, tudo tão seguro, não um turbilhão como agora... Segundos... Tic... Tac... Tic... Tac... E não tinha mais tempo... Não fosse o sentir de algo que o tomava com os braços, que vinha rápido e o empurrava para fora da rota do automóvel. Mãos que seguravam com pressão seu braço e no impulsionar acabavam tombando. Os olhos arregalavam-se para a noite. Medo, frio, escuridão, e mais gritos. A moça que o havia salvado podia escutar o bater acelerado daquele coração tão perto dela. Podia sentir o tremer do corpo que estava ali. O contorcer receoso que vinha quando as mãos dela afagavam seus cabelos brancos como a neve do ártico. Os olhos castanhos avermelhados viravam para o rosto próximo e irradiavam temor... Um temor que quase podia sentir o cheiro da falta que parecia vir daquela mulher. E ele conhecia tão bem aquele tipo de cheiro... De sensação... Fear pagava um preço por ser especial em sua doença... Pagava o preço da sensibilidade como todo o medo se faz sensível. Ao toque, ao ser, ao saber... E ele tinha medo da falta. De pessoas que estavam em sua vida agora e depois? Depois você era esquecido como um livro velho e inútil. Depois você não era mais nada... E Fear tinha medo de não ser nada um dia. Mas deixou-se acariciar pela mulher que lhe dava acalanto. Deixou os olhos fecharem num pranto que vinha doido pela busca de segurança e abraçou-se a ela, chorando copiosamente ao escutá-la dizer que não deixaria que se machucasse... E Fear se perguntava se aquilo era possível... Se existiria um mundo isento de dor... E medo*

§Sadness§: *Parava os passos, voltava para trás. Rebuscava o ar de forma incessante. Sentia o coração bater naquela dor que a tristeza lhe permitia sentir. Queria morrer... Queria que a dor cessasse... Mas nada adiantaria... De nada serviria aqueles pensamentos que sempre lhe assombravam... Dava mais alguns passos adiante e as poucas pessoas existentes em tempos como aquele, apenas abaixavam seus rostos e seguiam adiante* Por que? Por que me abandonou? O que eu fiz? Por que todos se foram? *Murmurava quase sem voz em um fino choro* Por que mentiram? *Como era difícil caminhar daquele jeito. Como o parque parecia confortável em sua solidão... Em sua escuridão... Agora carros iluminavam aquele rosto... Aquela mulher com as roupas e cabelos sujos de barro... Levava uma das mãos em frente aos lábios... E soluçava entre rebuscares de ar* Por que mentiram para mim? *Mordia de leve a mão... Forçando os maxilares em um morder mais forte em sua própria mão... Fechava os olhos, querendo que a dor levasse a outra dor que ela sentia... * Por que me abandonaram? *Mais uma vez vinha o pranto, quando cobria o seu rosto... Ficando louca em sua tristeza, pois a mesma parecia responder-lhe... Parecia sussurrar para que ela entrasse em desespero... Murmúrios, Buzinas... Faróis acesos... Faróis que ofuscavam seus olhos diante das lágrimas e da chuva* POR QUE O SILÊNCIO? *gritava em suas lágrimas perdidas buscando uma parede que fosse... Deixando os pensamentos lacerarem seu coração por ela ter sido tão cruel com Hope... Por ter feito a tristeza que ela sentia abraçar mais uma pessoa...* por que tudo isso?

§Miss You§: *Quando a jovem o ouviu chorar... E sentiu-se abraçada, os olhos tom de mel iluminaram-se... Por um instante ela sorriu... Por um instante ele lhe veio à mente junto de todos os outros... Ela deixou que algumas lágrimas de uma singela felicidade a tomassem ela não sabia explicar por que tinha feito aquilo por um estranho... Mas quando sentiu que era abraçada que alguém no mundo precisava dela... Miss You não conteve o sentimento mais belo que surgia no seu frágil coração... Seria este o amor pleno que se é ofertado a alguém sem nenhum interesse...? Seria isso o que muitos chamam por sonhos de Amizade?... Ela já havia perdido a noção de quanto tempo se passara... Ela já havia perdido a noção do que era certo a se fazer... Ela só queria proteger alguém e ser amada... Como fazia em antigos dias...* Venha... Não chore... Eu ajudo você a levantar... Olha, as pessoas estão olhando... O carro já foi e tudo passou... Logo até mesmo a tempestade passa... Tudo sempre passa é o que eu digo sempre... Por isso venha vamos levantar *Sorrindo oferecendo ajuda ao estranho, mas Miss you não ofertava apenas ajuda, mas também ofertava um espaço em seu tolo e frágil coração.*

§Fear§: *Tempo novamente e Fear não percebeu quanto tempo se passava, ou quantos grossos pingos de chuva molharam ainda mais seus cabelos grudando-o ao rosto. A roupa verde bebe que se colava ainda mais ao corpo, suja inteira pela queda. O tremor que tomava seu corpo por imaginar não as mãos delicadas a afagarem seus cabelos, mas mãos distorcidas e com pêlos por toda parte. A distorção da realidade, um dos princípios do medo. Um dos princípios de sua doença. A mulher o soltava e Fear sentia como se desgarrado do leito materno. Como um bebê deve se sentir ao ser arrancado do útero em um parto. Levantou logo após ela lhe ofertar ajuda e o rosto assustado mantinha-se ainda na desconfiança no não saber se realmente deveria permanecer perto. Tinha medo... Medo de acreditar de confiar novamente em alguém. De deixar que laços de amizades ou de um amor maior pudessem ser formados e depois fosse abandonado. Deu um passo para trás, meneando a cabeça negativamente, não podia entrar novamente em desespero. Tinha que controlar a respiração. "Todos mentem, Fear, todos se aproveitam e enganam. Quem hoje te acalenta e te jura proteção e amor eterno, amanhã te arrancará a cabeça. Tema Fear... Tema as vozes doces e cálidas muito mais do que aos gritos de guerra. Dos inimigos tu sabes o que esperar... Mas e dos teus companheiros?" A voz daquele homem insistia em retumbar em sua mente e Fear dava um novo passo para trás, tentando controlar o próprio respirar*

§Vengeance§: *Tinha a impressão de estar contido em um silêncio único. Nada existia ali... Carros... Sons... Cores... Nada que atingisse suas sensações e pensamentos focados para um único ponto. A mente sagaz e amiga fiel, sempre funcionava baixinho, lhe sussurrando as palavras de que necessitava nos momentos certos. Mas num repente, a quietude pareceu ruir. Como uma parede fina de papel, que é desfeita com a água daquela chuva. Rapidamente, o jovem ergueu os olhos. De uma só vez, como uma explosão da qual não se pode fugir, deparou-se com sons altos e luzes doloridas, que atingiam seus olhos claros.* ...Mas... O que... *Não havia tempo para perguntas ou respostas, apenas o curto instante que se passou entre mais sons e uma voz desesperada, cheia de questões maiores que as suas, que iam guiadas por pés descontrolados e sem rumo, por mãos estendidas em busca de apoio.* Chega. *O jovem estendeu as mãos diante do próprio corpo, procurando segurar a dona de tantas lamúrias. Esperou o peso daquele corpo molhado ser sentido pelas palmas frias e pelos dedos, para só então contê-la por perto e respirar com calma.* Chega...

§Sadness§: *Sadness em sua cegueira diante de tamanha tristeza, não via os passos que ela dava, não conhecia os caminhos que ela tomava... Apenas aquela dor era sentida e nada mais parecia existir. Deixava as mãos abraçarem o corpo em seu pranto doloroso, até sentir um apoio... O apoio a segurava, o apoio deixava que o peso de seu corpo encontra-se um local para esconder o seu rosto... Era um apoio frio que a continha e que falava em um respirar calmo* "Chega" *Aquelas palavras ressoavam em sua alma... Ressoavam em seus ouvidos... E ela se mantinha ali... Naquele apoio que dizia de forma calma* "Chega" *E suas mãos se moviam... Com tantas perguntas que não paravam de questioná-la... Mas aquela voz naquele respirar calmo dizia “Chega”... Ainda ressoava em sua mente e os dedos cerravam-se nas roupas de quem a segurava, onde as lágrimas ainda eram derramadas e o choro tentava ser contido* Mas dói... Dói...

§Miss You§: *Ela o olhou daquele jeito... Fear se afastando... Miss You suspirou puxando o ar e sentindo a chuva que parecia estar começando a ir embora* Eu disse que tudo passa... Veja o céu... As nuvens estão indo embora... Assim como você... Tudo passa coisas boas e ruins... Por um breve instante eu fui útil a alguém... Por um breve instante eu pude ofertar meu carinho e meu amor a alguém... Mesmo que esse alguém agora esteja indo embora... Você não é meu amigo que eu perdi há alguns anos... *Ela o olha diretamente nos olhos* ...Desculpe por qualquer incômodo que eu possa ter causado... Desculpe pelo modo que falei tão intimo... Espero que você não se me machuque... Vá pra casa e descanse... *Miss You se despedia do estranho com um sorriso... Mas ele pode ver algumas lágrimas na face dela... Ela se virou e começou a andar... * Ao menos... Eu consegui salvá-lo da morte... Isso deve ter sido algo bom não é... *Ela caminhou devagar passos arrastados... Chorando escondida, um choro bobo quase infantil no meio de um largo e belo sorriso.*

§Vengeance§: As feridas sempre doem. Ainda mais quando abertas por outras mãos... *Devagar ele escutava a voz dela ressoar entre as gotas da chuva pesada e os sons que haviam surgido num repente naquele contexto da noite. Não fixava seus olhos nela, apenas a segurava enquanto seu desespero a fazia se embrenhar entre suas vestes, derramando suas lágrimas como a tempestade. Ele não compreendia o porquê do desespero e da dor, mas seu silêncio vinha paciente, sem um acalento ou conforto para aquela entre suas mãos. Afastou-se apenas um passo, jogando uma das mãos para trás, tateando o ar devagar para sentir-se seguro, até parar e mover o rosto para o lado, deixando os fios dos cabelos lhe ocultarem o belo rosto.* Diga-me. Quem lhe feriu assim?

§Fear§: *Ele mantinha-se dentro de uma distância considerada segura pela mente atormentada meneando negativamente a cabeça enquanto as mãos tomavam os ouvidos. Enquanto o respirar tornava-se denso no limiar do suportável. "Tudo passa"... "Coisas boas e ruins..." ele continuava o menear da cabeça negando a si mesmo as verdades que Miss You estava dizendo* Passa... Tudo passa... *Murmurava num abrir mudo de lábios, Fear não era alguém que ela perdeu e buscava em rostos desconhecidos. Fear era o que mais temia, era ninguém... Desde quando fugira do sanatório... Lá também não era alguém... Era números... "Caso 75" e vinham as pranchetas e Fear era arrastado para a sala escura... Para a gaveta... Não... Meneava ainda mais a cabeça, não queria voltar para lá. E a mulher que há pouco havia lhe poupado a vida desculpava-se por ter sido intima demais... E o mandava ir para casa descansar. Os olhos castanhos avermelhados mantinham-se presos a ela enquanto ela virava-se e arrastava os passos, derramando lágrimas em meio ao sorriso belo. * Vá pra casa... Eu não tenho casa... *Falou baixo para si mesmo, como uma constatação.*

§Sadness§: *Ela podia escutar aquela voz... Aquela voz que dizia sobre feridas e que a mantinha ali, quando ela estava sem rumo... Dando a ela um local para ficar... Mesmo que fosse um local passageiro... O silêncio tomava o lugar, se fazia presente e os olhos dela não queriam olhar para quem dirigira palavras a ela... Vengeance se afastava... Se afastava deixando-a solta naquela imensidão que parecia se tornar a distância entre ambos... E ela pode ver apenas o recuar dos passos do rapaz... E erguer os olhos entre os fios cinza de seus cabelos, vendo-o buscar um apoio... Pois assim era o que aparentava* Todos.. *ela murmurava de forma baixa... Abraçando o próprio corpo* Não há uma pessoa... Que não tenha me ferido... *A voz saía fraca... Mas havia uma dor maior... Uma dor que ela mantinha aprisionada em seu coração, mantendo aquela dor lacrada em sua alma* Tantas mentiras... Tanto silêncio... Você não entenderia... *ela voltava a baixar a cabeça* Ninguém nunca entendeu... *Devia se silenciar... Devia guardar aquela dor para ela... Aquelas lágrimas para ela... Ele havia dito chega... E o Chega parecia se impor na mente de Sadness*

§Miss You§: *Ela pode ouvir aquela frase... Num último ensejo de esperança ela sorriu virando-se para Fear e ele pode ver o sorriso entre lágrimas...* Então busque um lugar que seja teu lar... Busque alguém para te ajudar a encontrar um lar... *Ela mostrava uma tristeza antiga... Mas seu sorriso era tão belo, tão calmo... Quase como uma brisa do mar que parecia querer oferecer esse lar para ele... Mas ela não dissera nada a não ser uma coisa boba* Tudo passa um dia moço... Eu sou a prova... Eu vivo triste, mas sempre sorrio... Por que tenho lembranças boas comigo e elas me mantém viva... Por mais ínfimo que possa parecer... Eu estou viva não estou? E se eu não sorrir pra mim mesma quem irá sorrir?... *Ela abaixou a cabeça* Me perdoe outra vez por lhe falar coisas tão tolas, eu sou assim mesmo, boba e sem jeito com as pessoas... Um amigo tinha me dito que eu sou assim sabe? ...Só sei amar sem freios e sem noção do certo e do errado... *Ela volta a andar* ...Eu sou assim não é mesmo?... *Falava agora sozinha... Era assim que sempre estaria sozinha... E o estranho parecia não querer ela por perto, Miss You murmurou com sua larga tristeza que tomava conta de seu sorriso* Eu nunca serei bem vinda por ninguém, não é mesmo? ...Sempre sorrirei por entre lágrimas... Silenciosas que ninguém pode ver....

§Vengeance§: Todos...*Ele repetia a palavra com um tom calmo, naquela voz tão única, capaz de embrenhar-se até nos corações mais puros. Vagarosamente sorriu um sorriso que despontava uma malícia pequena naqueles lábios, como um veneno fino a escorrer entre os dentes, como se tivesse ali uma serpente guardada, no lugar da tenra e úmida língua.* Todos podem nos ferir, sim. Decerto podem. Mas não podemos nós, ferir-los também?... *Silenciou-se enquanto os dedos seguiam a afastar os fios escuros da face, deixando o olhar sem vida fixado em um ponto qualquer da calçada, onde morriam as cores e os brilhos da vida.*

§Sadness§: *Vengeance falava aquela palavra de uma forma que chegava aos ouvidos dela... Que entrava em sua mente enquanto ela se encontrava naquela tristeza aonde ela dizia que todos a feriam... Seus olhos acinzentados não viam aquele sorriso que surgia nos lábios do rapaz... Aquele sorriso provido de malícia e que agora trazia palavras que ressoariam a cada retumbar do coração* "Mas não podemos nós, ferir-los também?" *Ferir-los... Ferir-los... Ferir as pessoas que a feriam... Mas Sadness ergue os olhos na direção do rapaz... Ela se culpava por achar que as pessoas se afastavam dela por algo que ela tenha feito de errado... Por vezes descobria o contrário... E então chorava mais ainda ao ver que as pessoas mentiam e ela não era forte... Não era forte para vencer a tristeza que a dominava e ela suspirava em meio a tudo que ela já tinha ouvido... Momentos de esperança... Momentos de medo... Mas ali em sua mente a voz do rapaz ressoava... Mesmo que ele não olhasse para ela... E nem mesmo ela mantinha o olhar muito tempo sobre ele* Ferir-los trará um silêncio maior... Irá afastá-los... Não... Não quero isso... *Ela murmura a última frase* Por que faz isso comigo? Por que traz mais dor? *Não... Ela não conseguia se silenciar... Queria poder se sentir segura de novo... Queria poder sorrir... Mas há tanto tempo não fazia isso...*

§Vengeance§: *Por aquele momento, naquele ínfimo momento, o silêncio parecia retornar aos ouvidos do jovem. Era pálido e sutil, como as próprias palavras de seus lábios e raramente seu olhar se enchia de um brilho estranho, pesado e rancoroso, que se direcionava na direção daquela próxima a ele... E naquele instante, sua mente parecia ferver, assim como seu sangue, enchendo seu rosto com um rubor sedutor e suave, que transformava sua palavras em um néctar muito mais saboroso e persistente, como um doce cuja primeira mordida convida a outras mais.* Afastará sua dor. Afastará aqueles que a machucam... Não se machucará nunca, nunca mais... *O único passo que o separava dela era quebrado e a mão fria posta em seu ombro. Diante de Sadness ele era altivo e poderoso, embora vago e vazio, assim como as sensações que emanava a cada sílaba* Não lhe trago mais dor... Lhe ofereço a redenção das que possui, criança.

§Fear§: *Fear parava alheio às pessoas que ainda passavam por ele naquele momento, as mãos paradas ao longo do corpo, e tentava não ter medo, talvez fosse melhor voltar ao sanatório, para a segurança das paredes solitárias, do muro que de certa forma lhe protegia. Mas havia gostado tanto de conhecer as cores do lado de fora, os tons, os verdes, azuis, vermelhos, havia toda uma beleza em respirar o ar de fora das muralhas, das paredes do manicômio. "Busque um lugar que seja seu lar"* Lar.. *murmurava num misto de saudosismo talvez. Um dia Fear teve lar, um dia Fear teve pais, irmãos, um amor. Mas veio a maldita doença e lhe tirou tudo que tinha. Deixou a Fear o nada... "Nunca dê ouvidos a estranhos Fear" A voz do homem vinha como um sopro cruel aos ouvidos que tencionavam a escutar o que ela dizia... Nos pés que temerosamente deram um passo à frente, quando ela falava que sorria mesmo estando em sua doce tristeza. E novamente a mulher que lhe salvou a vida lhe pedia desculpas, Fear não entendia. Há tempo não sabia o que era carinho ou acalanto. E Miss You falava que amava sem freios* Por quê? *Foi a pergunta quase infantil que lhe brotou dos temerosos lábios quando ela falava, por que ela amava sem restrições o amor incondicional? Por que ela amava alguém que podia lhe machucar, lhe ferir, roubar? Aquele mundo que ele via, o mundo dos monstros estranhos era tão cruel e diferente do mundo em que havia se trancado... Mas ela se virava e continuava o seu seguir deixando Fear mais uma vez sozinho* Por quê... *murmurou enquanto deixou que os pés girassem seu corpo suavemente na direção oposta a dela "O medo de ferir afasta as pessoas Fear... O medo de ferir te impede de viver..." Vozes são como anjos ou demônios muitas vezes... E Fear iniciava seu caminhar silencioso por entre as pessoas, buscando afastar-se ao contato, buscando esconder-se em meio a elas.*

§Sadness§: *Silêncio... Como o silêncio podia ser cruel para Sadness que queria sair dali... Sair da presença daquele homem que trazia a sua alma uma sombra maior do que ela poderia sair... Pálido em sua pele... Como um fantasma que vinha para lhe assombrar os pensamentos... Mas sutil como uma serpente que envolve em um abraço mortal... Vengeance podia notar a moça de cabeça baixa, sem conseguir encará-lo com tudo o que ele dizia... Pode ver Sadness abraçando o próprio corpo e virando a face... Não... Nem mesmo Sadness em sua tristeza poderia notar as mudanças que pareciam surgir no rosto do rapaz... Ele falava sobre afastar a dor... Sobre afastar aqueles que a machucavam... Falava que nunca mais ela se machucaria... E então ela sentia a mão dele mais uma vez repousar sobre seu corpo... Ele repousava sua mão sobre ao ombro de Sadness e ela erguia os olhos mordendo os lábios diante de tantas promessas que ele fazia... Ele parecia tão distante... Mas ao mesmo tempo tão acolhedor com suas promessas... Redenção... Ele traria redenção... Faria a dor parar... Faria com que aquela dor parasse de castigá-la.* Você irá me ferir... Me fará derramar lágrimas como todos os outros fizeram... *A voz vinha fraca... A chuva em muito já havia diminuído deixado assim as lágrimas realçarem mais naquele rosto de traços finos.* Por que faz promessas que não pode cumprir? *ela finalmente olhava nos olhos dele*

§Vengeance§: *Apenas notava os leves movimentos, escutando-os como as folhas que a brisa fria da chuva carregava, pesadas e arrastadas no cimento duro das calçadas. Mesmo diante de Sadness, o jovem não parecia vê-la, ou sequer buscar seus olhos com sua face melancólica e suplicante. Mas seu sorriso permanecia, como se tivesse sido engastado na pedra alva de sua pele.* Jamais iria a ferir. Se lhe ofereço algo tão bom, por que estaria interessado em lhe machucar? *Dedilhava a pele molhada dos ombros dela, caminhando lentamente ao seu redor, deixando-se guiar pela sensação do contato entre eles. Sibilante, de rosto baixo e fios a ocultar as feições, seguia o círculo em torno dela, como um ritual de conhecimento, arfando levemente o ar ao seu redor, antes de aproximar os lábios aos poucos do ouvido de Sadness, deixando o sorriso esboçar um breve canto de hálito quente* Pense. Não a conheço, portanto, não há promessas entre nós... Mas também, não existem mentiras, pois para mim, nada em ti interessa. *Estancava diante do rosto da jovem, jogando os cabelos escuros e finos para trás. Olhos vazios, sem vida. Tal jovem, era cego.*

§Miss You§: *Ela parou de repente... Ouvia os porquês de Fear... Ela queria virar e oferecer a ele seu carinho quem sabe alguma ajuda... Mas ela agora tinha medo... Ela agora tinha seus próprios fantasmas... Toda aquela cena a fazia lembrar de dias ruins dias negros como ela chamava...* Não... Vão embora... Me deixe com os dias dourados... Eu não quero os negros... *Murmurando baixo* O que eu posso fazer se não querem a ajuda que eu ofereço... O que eu posso fazer... Se eu... Já... Não sou mais ninguém... Se eu não tenho mais ninguém? ...Ao menos eu consegui ser útil a um estranho... Que espero poder ter feito algo bom para ele... *Ela sorriu novamente andando* eu queria tanto rever vocês... Sentir o abraço de vocês... Mas nem sei mais se vocês existiram ou não... *Ela olhou os céus vendo as nuvens partirem abrindo-se aos poucos começando a emanar fraco o brilho de alguma estrela... *será que tudo não foi mera Ilusão desse coração solitário e vazio? *ela voltou a andar* Não existe mais ninguém pra mim... *Sorriso* Sua boba... Você já sabe disso... Continue a andar... Vá pra casa... Ninguém no mundo hoje deve precisar mais de você... Você não poderá mais ser útil por um bom tempo ao que parece...

§Sadness§: *Ela via aquele rapaz diante dela, com os cabelos a esconder seus olhos, ele ainda falava tal qual uma serpente a dar o bote... E sorria com aquela malícia que havia de existir em seus lábios, dizendo que oferecia algo bom a ela... Que ele não estava interessado em machucá-la... Mas ele ainda não respondeu sobre promessas... As promessas que ele fazia e que não poderia cumprir... Dedilhava no ombro dela... Circulando como uma fera diante de sua presa... Ela escutava quando ele falava ao seu ouvido... Falando para ela pensar, pois ela não o conhecia... Ele falava que não poderia haver promessas, mas também dizia que não havia mentiras... Mas o final da frase... Quando ela estava para abaixar a cabeça com todo aquele entoar que martelava em sua mente, o final da frase a fazia erguer a face novamente* "Nada em ti me interessa"... *ela olhava para aquele homem que tentava trazer alguma razão para sua mente... Que tentava mostrar que a tristeza era apenas uma ferramenta de algo maior... E em meio àquilo tudo vinha a surpresa... Vinha o retorno das cenas em sua mente... Cego... Ele era cego... Vengeance tateava o ar não em busca de algum apoio por conta do que ele parecia sentir. Mas por ser cego... Alguém que tentava fazer-la enxergar algo e ela fechava os olhos, baixando a cabeça* Se nada em mim te interessa... Então não terá coração... Não compreenderá minhas dores... Nem poderá dizer as palavras certas *Ela falava de forma baixa* Por que faz isso comigo? Por que me deixa confusa com tuas palavras? Eu apenas quero que as coisas retornem... Retornem a ser o que eram... Apenas quero os sorrisos... Tempos antes vividos... Antes da dor... Antes das lágrimas... Antes da solidão... Do silêncio... Da escuridão... Será que é tão difícil isso?

Um comentário:

Anônimo disse...

Noite almdiçoada não...Será que foi mesmo? para mim eu encontrei uma pesoa e fui util a alguémn bastou não bastou...Qual será a proxima vez q eu hey deencontrar alguém para ser util... e o melhor ...quando será o dia em que encontrarei um amigo...? Não sei apenas espero esse dia chegar o dia em que eu encontre novas pessoas para amar e deixe de viver de lembranças...e deixo de viver de saudade...